Artigo — Design Gráfico O alfabeto é um sistema de escrita constituído por signos (letras) representativos de unidades de som.

A utilização ordenada de signos num sistema de linguagem advém da escrita hieroglífica Egípcia, podendo ter sido através da sua simplificação que a civilização Fenícia desenvolveu algo aproximado ao alfabeto fonético. Tendo o alfabeto fenício chegado à Grécia por volta do ano 900 a.c. e sido adoptado no período Romano, deu lugar ao alfabeto latino disseminado actualmente pelo mundo ocidental.

A simples existência da escrita marcou um grande avanço civilizacional e, com a invenção da prensa de caracteres móveis por Johannes Gutenberg no século XV, assumiu ainda maior importância para o ocidente, abandonando-se o método manuscrito em detrimento da impressão de grandes tiragens. Tal acontecimento exponenciou a transmissão de conhecimento de uma sociedade assente na palavra escrita, facilitando a publicação da lei e o aparecimento da notícia periódica

Numa peça de comunicação visual, como aquelas definidas pelo modelo da imprensa, todos os momentos são o reflexo de um planeamento do qual o alfabeto é um dos elementos base. Desde a concepção e desenho das letras dum determinado sistema, do seu arranjo numa palavra, frase, parágrafo ou texto, até à composição do texto na página, há uma influência directa no processo de leitura e na importância que se atribui às palavras.

Esse trabalho, outrora desenvolvido pelo tipógrafo (nome que veio informar o uso de «tipografia», área de estudo e um conjunto de letras no contexto da sua concepção) é agora desenvolvido pelo designer gráfico ou de comunicação, cuja função é também a de criar ordem e estruturação formal na comunicação de uma ideia. 

Tal como a tipografia, também a imagem (sua função, estética e composição), na forma de fotografia, ilustração ou gravura, pode configurar conteúdo visual numa peça de design gráfico.


Artigo — Design Industrial A composição do parafuso pressupõe um mecanismo de aperto em espiral, onde dois corpos ou superfícies amovíveis se enroscam com o objectivo de manter ambas as partes unidas.

É difícil apontar a sua origem, no entanto pode-se calcular que ao longo da História, vários objectos com características semelhantes, em osso, madeira ou metal, possam ter sido usados para cumprir as mesmas funções. Contudo, devido às melhorias técnicas que permitiram desenvolver réplicas exactas do mesmo parafuso, no início do século XX o parafuso adquiriu maior importância, tendo contribuído para formar parte de componentes idênticos na montagem de um sistema complexo.

Um desses exemplos, o parafuso com cabeça cruciforme (em «estrela», de nome original Phillips) serviu a linha de montagem da exponencial indústria automóvel norte-americana, desde a Ford à General Motors passando pela Chrysler. A automatização facilitada por este avanço obteve uma rápida aceitação mundial, tendo uma aplicação tão vasta quanto a vastidão da própria indústria. 

Foi portanto com a evolução da indústria que a actividade do designer industrial se tornou determinante, tendo como propósitos garantir a eficácia dos sistemas de montagem, assim como a funcionalidade dos bens produzidos. Dentro das diversas áreas de abrangência, da indústria electrónica, automóvel, aeroespacial, militar ou de mobiliário, assim como na indústria dos bens de consumo, o compromisso do designer industrial foca-se nas necessidades das pessoas, bem como no ambiente e no contexto social da sua intervenção.

Mesmo na indústria actual, marcada pela presença digital, surgem constantemente novos métodos e formas de conceber o parafuso, como aqueles que existem em micro tamanhos nos dispositivos electrónicos que transportamos quotidianamente.


Artigo — Design de Moda A existência do botão é tão antiga quanto a do próprio vestuário. Usado durante muitos anos enquanto ornamento, o botão é um dos meios mais simples e eficazes no que toca à tarefa de unir duas partes de uma peça de roupa. 

A evolução deste objecto tem acompanhado os avanços do vestuário, destacando-se os eventos que envolveram a revolução industrial. Durante os séculos XVIII e XIX, a maquinaria — que vinha a tomar o lugar do fabrico artesanal — veio possibilitar a produção em massa de tecido e acessórios, assim como a introdução da máquina de costura veio facilitar, à classe popular, o acesso e liberdade de escolha do vestuário, democratizando-o.

Nesse sentido, a moda do século XX é o reflexo da generalização do acesso ao vestuário na promoção de uma produção sistematizada e diversificada. O seu desenvolvimento pressupõe um acontecimento social complexo uma vez que a função do vestuário passa também por comunicar uma ideia que é, acima de tudo, a da essência do indivíduo que ostenta a indumentária. Uma troca de mensagens diária com os restantes transeuntes para a qual o design é imprescindível. 

Para alguns designers de moda, o botão constitui mesmo uma peça preponderante em todo o conceito das suas produções. Nalguns casos, a concepção do botão cruza o Design de Moda com a área disciplinar do Design de Jóias, fazendo uso de técnicas específicas da joalharia para o desenvolvimento deste mecanismo.

Apesar do desenvolvimento de outros meios de cerre para vestuário, tais como o fecho eclair (ou fecho de correr) e o velcro — inventados no início e em meados do século XX, respectivamente —, o botão continua a ser um dos artefactos mais utilizados pelos designers de moda, pela versatilidade e elegância que confere ao vestuário.


Artigo — Design de Interiores Tendo por base uma fonte energética, o candeeiro consiste num objecto cuja finalidade é a de suportar um dispositivo luminoso, auxiliando na propagação de luz artificial. 

Tanto nas formas mais rudimentares como lamparinas ou candeias alimentadas a combustível ou gás e construídas nos mais variados materiais, desde o barro passando pela pedra ou o metal, o Homem sempre procurou nos instrumentos de iluminação uma forma de superar a ausência de luz solar. 

Contudo, para a evolução formal do candeeiro em muito contribuiu a energia eléctrica e a invenção da lâmpada em 1879, na versão comercializável de Thomas Edison. Inicialmente com filamentos de carvão, ainda hoje é utilizada num formato actualizado. Neste contexto, o candeeiro fornece o melhor aproveitamento e direccionamento da luz produzida.  

Para o design de interiores, área dedicada ao planeamento e concepção de espaços interiores, o candeeiro é um artefacto fundamental pela necessidade perene de iluminar (natural ou artificialmente) esses lugares. Na concepção de um ambiente, é função do designer de interiores estudar não só a relação estética do candeeiro com o lugar mas também o controlo da luz natural da envolvente em causa, assim como as propriedades físicas da luz com origem no candeeiro.

O designer de interiores procura entender as camadas de luz e reflexos existentes, assim como as sombras projectadas, ajustando a intensidade e a coloração de acordo com a ideia desejada a comunicar e o domínio que estas características estabelecem sobre o espaço. 

É frequente ser da responsabilidade do designer urbanístico ou paisagístico o planeamento e possível utilização de sistemas de iluminação em ambiente exterior, tal como uma avenida ou um parque.


Artigo — Design de Produto A colher, constituída por uma concavidade unida a uma haste, foi um dos primeiros utensílios a auxiliar o Homem no consumo de alimentos, existindo indícios da sua existência em civilizações longínquas.

Inicialmente elaboradas a partir do aproveitamento de conchas, foram também produzidas em diversos materiais como o marfim, osso ou madeira, verificando-se ao longo do tempo que o metal seria a matéria mais apropriada. Apesar da sua matriz principal se ter mantido, a colher adquiriu muitas variações, principalmente no que toca à forma da haste, tendo evoluído no sentido de se adaptar convenientemente à mão e ao movimento inerente à ingestão de alimentos. 

Tal como na concepção da colher, o Homem sempre se distinguiu pela aptidão em controlar o ambiente à sua volta através criação de ferramentas. Nesse acto de dar forma aos objectos foi definindo o mundo material da mesma forma que este nos definia a nós, a sociedade.

A profissão que se foi desenvolvendo em torno desta prática, a do designer de produto, progrediu em torno dum processo de trabalho sistematizado, com o objectivo de melhorar, consecutivamente, a relação do homem com a sua envolvente. É na variação desse processo de design e nas suas preocupações com a funcionalidade, os custos de produção, o impacto cultural ou a aparência dos artefactos, que surgem diferentes soluções para o mesmo cenário, o mesmo objecto.

No decurso do tempo, o âmbito do trabalho do designer tem-se alargado. Hoje em dia o designer de produto preocupa-se não só com todos os ângulos possíveis para a concepção de determinado artefacto mas também com a potencialidade do serviço prestado em torno do mesmo. por Rui Moreira

Bibliografia Baldini, M. (2006) A Invenção da Moda: As teorias, os estilistas, a História. Edições 70. Frutiger, A. (2001) En torno a la tipografía. Gustavo Gili. Flusser, V. (2010) Uma filosofia do Design: A forma das coisas. Relógio D’Água. Innes, M. (2012) Iluminação no design de interiores. Gustavo Gili.
Maldonado, T. (2012)
O Design Industrial. Edições 70.

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